A Locaweb, gigante brasileira no fornecimento de serviços digitais, comprou por R$ 524,3 milhões a startup Bling, do município de Bento Gonçalves. A Bling foi investida pelo Badesul, por meio do Fundo Criatec 2, liderado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e gerido pela Crescera.
O Bling, fundado em 2009, é um sistema de gestão empresarial integrado (ERP) para micro e pequenas empresas, no modelo de negócio Saas, oferecido na nuvem, podendo ser acessado de qualquer lugar.
A Locaweb é uma plataforma brasileira de hospedagem e computação na nuvem que congrega uma série de serviços. Abriu capital na Bolsa de Valores (B3) em fevereiro de 2020 tendo levantado R$ 1,03 bilhão na ocasião e sendo considerado o IPO mais bem sucedido da América Latina em 2020. Após o IPO, acelerou a estratégia de M&A e vem adquirindo uma série de serviços complementares a sua atuação.
Em 2020, a Locaweb obteve um lucro ajustado de R$ 41,6 milhões, com alta de 47,7% sobre 2019. A receita líquida apurada foi de R$ 488,2 milhões, um crescimento de 26,6% na mesma base de comparação. Neste ano, as ações da companhia, avaliada em R$ 16 bilhões, acumulam alta de 36,36%.
No ano de 2021, o Badesul, Agência de Fomento do RS, completará 10 anos atuando no fomento a inovação e a startups por meio de Fundos de Investimento em Participação (FIPs). A estratégia é investir em fundos nacionais e trazê-los ao Estado a fim de tornar mais visível as oportunidades das empresas inovadoras gaúchas. Desde 2011, o Badesul investiu em quatro fundos (CRP Empreendedor, Criatec 2, Criatec 3 e FIP Anjo) e acertou a vinda do quinto, o Criatec 4, para o final de 2021.
Até hoje, somados, o Badesul investiu cerca de R$ 19,6 milhões nestes fundos que reverteram em R$ 32,4 milhões para as startups gaúchas, uma alavancagem de capital 1,65 vez. A carteira de startups gaúchas tem se mostrado muito rentável pela oportunidade e qualidade. Das 14 investidas pelo Badesul via FIPs e crowdfunding, uma foi a write-off, três foram desinvestidas com sucesso (Yller, Ezcommerce e agora Bling) e dez continuam em carteira. Se considerado os FIPs nacionais, cerca de 10% das empresas investidas são gaúchas.
“O Badesul atua com o propósito de promover o desenvolvimento do Rio Grande do Sul com inovação e sustentabilidade. O nosso trabalho com a inovação comprova a evolução e o comprometimento que possuímos com o progresso do Estado”, ressalta a presidente do Badesul, Jeanette Lontra.
O FIP Criatec 2 havia desinvestido outras duas empresas gaúchas, a Ezcommerce em 2018, startup de Porto Alegre que desenvolve uma plataforma da marktplace, adquirida pela Linx, e a Yller, do município de Pelotas, em 2019, adquirida pela Straumann, líder mundial em tecnologia odontológica. Ambas continuam em atividade no Rio Grande do Sul. A estratégia tem se mostrado exitosa, visto que outros players do fomento gaúcho têm seguido os mesmos passos e ampliado os recursos para o Estado.
“O desinvestimento da Bling, assim como foi o da Yller, demonstra que o Rio Grande do Sul é um celeiro de boas oportunidades não necessariamente na capital e entornos. As duas são do interior do Rio Grande do Sul (Bento Goncalves e Pelotas) e conseguiram desenvolver soluções que endereçavam ao mercado global. Assim conseguimos enxergar que a cultura do exemplo positivo é um grande motivador”, destaca o assessor de Venture Capital e Inovação do Badesul, Elias Graziottin Rigon.
O Badesul também promove com parceiros, como Finep, Sebrae, Fapergs e Reginp, os editais TecnovaRS e Centelha, com o objetivo de criar novas oportunidades, aumentado a geração de startups e possivelmente gerando novas oportunidades de investimento.