O Rio Grande do Sul é um dos estados onde o frio teve bastante força no mês de julho. O estado também é um grande produtor de culturas de inverno entre grãos, como o trigo. O impacto das baixas temperaturas, com geadas e até neve, não afetou a cultura.
De acordo com boletim divulgado pela Emater-RS no trigo as lavouras em desenvolvimento vegetativo não tiveram maiores impactos, em virtude de as plantas serem tolerantes às baixas temperaturas. Com o retorno da umidade dos solos, os produtores deram continuidade aos tratos culturais. Todo o trigo previsto para esta safra já está plantado, sendo 96% em estágio vegetativo e o restante em floração.
Na regional da Emater/RS-Ascar de Ijuí, cultivos apresentam bom estado de desenvolvimento vegetativo e encontram-se também em estádio de afilhamento. Entretanto, as temperaturas baixas associadas à diminuição da umidade no solo têm retardado o desenvolvimento. Produtores ainda encontram dificuldades para aplicar adubação nitrogenada em cobertura.Em geral, as geadas não provocaram danos nas lavouras implantadas no período ideal recomendado pelo zoneamento de risco climático.
Na de Santa Rosa, 93% das lavouras se encontram em desenvolvimento vegetativo e perfilhamento, recebendo adubação nitrogenada em cobertura e aplicações de herbicida para controle de ervas daninhas de folha larga. Em 6% das lavouras implantadas no cedo já ocorre florescimento e inicia a formação do grão. As poucas lavouras em florescimento (1%) tendem a apresentar pequenas perdas de produtividade devido às geadas fortes ocorridas na segunda quinzena de julho, que provocaram abortamento das flores no ápice da espiga.
Nas que estão em perfilhamento, o período de frio, a chuva ocorrida em 26/07 na maioria dos municípios da região e a posterior presença de sol intenso beneficiaram muito o desenvolvimento das plantas. Não há presença de pragas, como o pulgão, e sem doenças, como as manchas foliares. Produtores suspenderam os tratamentos fitossanitários e devem retomá-los a partir dos próximos dias nas lavouras em florescimento e início da formação de grão, a fim de prevenir o aparecimento de doenças das espigas, como giberela.
Na regional de Bagé, os cultivos em fase de desenvolvimento vegetativo não apresentam danos devido às baixas temperaturas e às geadas sucessivas ocorridas na Campanha. Nas áreas onde foi necessário replantio, a estratégia foi bem-sucedida, e o estande de plantas é considerado satisfatório. A adubação nitrogenada e o controle de ervas daninhas foram temporariamente paralisados devido às condições de baixa umidade disponível e especialmente às baixas temperaturas, que interferem negativamente na eficiência dos insumos aplicados. Em geral, as lavouras estão com baixa incidência de ervas daninhas, sendo previstas aplicações de herbicidas nas próximas semanas, quando as condições forem favoráveis. O nível de investimento em adubação nitrogenada em cobertura e em fungicidas deve ser determinado conforme o potencial produtivo das lavouras ao longo dos próximos meses, considerando-se que o preço do trigo está se mantendo em patamares atrativos.
Na Fronteira Oeste, apesar da pouca chuva, produtores fizeram a adubação em cobertura nas lavouras em ciclo de desenvolvimento entre 30 e 40 dias. O tempo seco e frio é considerado bom para essa fase da cultura, evitando a proliferação de manchas foliares.
Em São Gabriel, produtores realizaram tratamento preventivo em 50% da área implantada. Nas regionais de Frederico Westphalen, Passo Fundo, Soledade, Erechim, Santa Maria e Pelotas, as lavouras têm tido boa germinação, ótimo estande de plantas, adequado desenvolvimento vegetativo e excelente estado fitossanitário. Em geral, as baixas temperaturas e a presença de fortes geadas não têm causado prejuízos extremos pelo fato de os cultivos estarem predominantemente em estágio vegetativo.
A exceção a esse quadro geral ocorreu na região de Soledade em cultivos com ciclo mais adiantado, localizados em áreas de baixadas onde o gelo persiste por mais tempo ao longo do dia. Produtores seguem com os tratos culturais de adubação em cobertura e controles de plantas invasoras. Em algumas áreas, a adubação está atrasada devido à falta de umidade.
Nas de Caxias do Sul e Porto Alegre, o volume de chuvas variou entre 20 e 40 milímetros, considerado pelos produtores como suficiente para repor a umidade do solo e favorecer a retomada da adubação nitrogenada. Apesar das geadas intensas, as baixas temperaturas beneficiam os cultivos em perfilhamento, que emitem mais afilhos. As lavouras seguem apresentando excelente aspecto sanitário, a expectativa de uma excelente safra.
De acordo com o levantamento semanal da Emater/RS-Ascar no RS, o preço médio do trigo se manteve em elevação, com percentual menor que o da semana passada, de 0,19%. O preço passou de R$ 80,76 para R$ 80,91/sc. Já o preço do produto disponível em Cruz Alta teve redução de 2,27%, passando de R$ 88,00 para R$ 86,00/sc.